Por Daniel Chu
Um desdobramento muito legal da nossa viagem à Tanzânia, em especial a escalada que fizemos ao Monte Kilimanjaro foi a minha participação como palestrante no Risk Management Summit 2013 promovido pela Next Business Media com apoio do PMI (Program Management Institute), que rolou no Rio de Janeiro nos dias 22 e 23 de outubro.
O inusitado convite surgiu a partir de um dos posts publicados aqui no VAI NA MINHA. Um dos organizadores procurava alguém que pudesse abordar o tema, gestão de riscos, de uma forma diferente, interessante e fora do contexto empresarial, para iniciar o evento abrindo a mente dos participantes e tirá-los do senso comum. E assim esbarrou com o nosso relato da descida do Kilimanjaro, curtiu e entrou em contato. Com esse intuito, uma escalada ao Kilimanjaro fazia todo sentido.
Acertados os detalhes, me lancei a preparar a apresentação, uma tarefa que demandou bastante tempo e dedicação mas foi imensamente prazerosa, pois revivi mais uma vez toda a aventura, enquanto pensava na história que iria contar e montava os slides. A apresentação está disponível no site do evento.
Acertados os detalhes, me lancei a preparar a apresentação, uma tarefa que demandou bastante tempo e dedicação mas foi imensamente prazerosa, pois revivi mais uma vez toda a aventura, enquanto pensava na história que iria contar e montava os slides. A apresentação está disponível no site do evento.
Também li e reli diversos livros sobre Gerenciamento de Risco e escaladas que me proporcionaram alguns insights. Um que o público gostou e que foi posteriormente mencionado por outros palestrantes em suas apresentações, foi uma citação de um dos mais renomados alpinistas da atualidade, Ed Viesturs, o primeiro americano a alcançar o cume dos 14 maiores picos do mundo acima dos 8 mil metros de altitude sem a utilização de oxigênio suplementar:
“Chegar ao topo é opcional. Descer é mandatório”.
- Ed Viesturs, No Shortcut to the Top
Muita gente foca tanto em chegar ao cume que se esquece disso. Nos nossos projetos profissionais é a mesma coisa. O sucesso de qualquer projeto depende da clareza e da precisão do seu escopo. Esse é o primeiro passo para um bom planejamento de projeto e por consequência um bom planejamento de gestão de risco.
Outro ponto que despertou bastante o interesse foi o componente humano dos riscos envolvidos na escalada.
Por mais que nenhum dos trajetos que levam ao cume do Kilimanjaro exija o uso de equipamentos e técnicas de escalada e sejam mais um árduo trekking/hikking em altitude, os riscos envolvidos são consideráveis, por conta de diversos fatores, entre eles: a altitude (5895m), a brusca variação de temperatura (em questão de poucos dias você parte de um clima tropical para um clima ártico) e os impactos que esses fatores causam nas pessoas que se aventuram nessa empreitada.
Por mais que nenhum dos trajetos que levam ao cume do Kilimanjaro exija o uso de equipamentos e técnicas de escalada e sejam mais um árduo trekking/hikking em altitude, os riscos envolvidos são consideráveis, por conta de diversos fatores, entre eles: a altitude (5895m), a brusca variação de temperatura (em questão de poucos dias você parte de um clima tropical para um clima ártico) e os impactos que esses fatores causam nas pessoas que se aventuram nessa empreitada.
Ao final da apresentação me perguntaram, entre outras coisas, qual foi o maior risco que corremos e o que eu pude extrair disso para minha vida pessoal/profissional.
Relembrando agora de toda a viagem, os problemas que tivemos antes, durante e mesmo depois em Rwanda já no trajeto de volta para o Brasil (esse episódio onde nossos níveis de stress conheceram um novo limite fica para um próximo post), o que mais me marcou foram mesmo os eventos que se sucederam durante nosso ataque ao cume, aqui relatados no post Climbing Kilimanjaro – Summit.
É no trecho final da subida que se dá na madrugada do 5º para o 6º dia de escalada que realmente nos colocamos à prova dos perigosos efeitos da alta altitude.
Aproximávamo-nos dos 5 mil metros a passos lentos sob um frio intenso quando a Cláudia passou muito mal sentindo os principais sintomas do mal de altitude: forte náusea e enjôo associado a outros agravantes que todos lá em cima, em maior (me incluo nesse grupo) ou menor grau sentem, como fadiga, dor de cabeça e falta de ar.
Havia ainda relativamente muito a ser percorrido e o grau de dificuldade da escalada só iria piorar com a proximidade do cume; o terreno ficaria mais íngreme, mais escorregadio e a temperatura ainda mais baixa. Nosso experiente guia local calculou que mesmo que conseguíssemos continuar subindo, no ritmo que estávamos levaríamos certamente o dobro ou mais do tempo normal e possivelmente perderíamos a janela de tempo bom que geralmente ocorre nas primeiras horas da manhã em que as nuvens estão mais baixas permitindo a visão espetacular que se tem lá do topo.
Naquela altura já estávamos sendo ultrapassados por muitos grupos que haviam partido bem depois de nós, mas apesar de todo o prognóstico negativo, a Cláudia persistiu corajosamente por muito tempo (certamente muito mais tempo do que eu teria aguentado) antes de considerar seriamente que o mais prudente seria realmente voltar.
Foi nesse momento que senti que contou muito a experiência do nosso guia Nechi, que soube avaliar corretamente os sintomas e os riscos envolvidos e tomar as devidas medidas que permitiram que continuássemos subindo.
De certa forma, “delegar” para outro uma decisão que pode colocar realmente em risco nossa vida é por si só uma decisão complicada, mesmo que essa pessoa tenha conhecimento e experiência nesse tipo de situação muito maior que a nossa. Esse “desprendimento” consciente e embasado, salutar para qualquer processo de decisão seja profissional ou pessoal é uma característica que não vem naturalmente e é sem dúvida um dos aprendizados que tiro desse episódio.
O outro é que realmente não conhecemos os nossos próprios limites, tanto físicos quanto emocionais. Inexperientes nesse tipo de situação, nós realmente desconhecíamos até onde nossos corpos e mentes poderiam aguentar. Em nosso dia-a-dia não nos expomos a situações limítrofes e nossa tendência natural é desistir perante adversidades maiores. Só numa situação como essa é que percebemos quão aquém de nossos limites na realidade vivemos. Gostou?
Leia também como foi a experiência na íntegra:
Por Claudia
O Daniel além de meu companheiro de viagem e palestrante, é criador do site EASYMAN, um serviço de assinatura e compra de itens de vestuário masculino (camisetas, cuecas e meias), funciona assim: Você escolhe os itens e a periodicidade de entrega e nunca mais se preocupa! Para quem não tem uma mulher que faça isso e não gosta de ir ao shopping é a salvação!!! VAI NA MINHA!
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