14 de janeiro de 2016

MARAÚ - Zaratustra, Ásia, Esperança


O que tem a ver essas 4 coisas?

Elas foram os ingredientes das minhas férias ou mais um período de paz para reflexão. 

Saímos de São Paulo dia 24 naquele clima, entrega de relatório, festas de fim de ano, corre corre, despedidas.... A noite estava no paraíso, Prainha – Itacaré – Bahia em mais uma festa de Natal (a terceira), essa foi com amigos a beira da praia.

No começo da noite fomos agraciados com o nascer de uma Lua gigante e vermelha! 



um pedaço do paraíso na Terra

Começava o processo de desaceleração / descompressão. Depois de 2 noites aí já deu para dar uma recuperada e seguir para Maraú, onde ficamos os próximos 16 dias.

Nesse período deu para perceber alguns processos ocorrendo na minha pessoa. Primeira semana você ACHA que está descansando, mas está só desacelerando um pouco. Na segunda semana você começa a relaxar, entrar no ritmo das coisas, se acostumar com a vida ao seu redor, sol, calor, chuva, água salgada, passarinhos, guaiamuns, gente, gente da Bahia, música (o baiano não vive sem) mangas em pencas, cajus amadurecendo dia a dia, a Lua que muda e com ela tudo muda, o tempo, a maré o siri que anda, até o corpo da gente muda.

Nossa casa fica na vila de pescadores e como eles são muito comunicativos, são dias de intensa troca com estes seres, infinitamente diferentes dos paulistas. Expansivos, falantes, carinhosos, engraçados a cada dia jorra uma estória diferente, um acontecimento, um problema, uma alegria, uma briga, uma festa...Nossa família lá é demais, super inteligente e com uma energia que transborda. 

pier da Vila de Taipus de Dentro, onde pode-se desfrutar de um incrível Pôr do Sol

o barzinho de suporte ao pier, onde se pode conferir o espírito Baiano

nosso jardim lotado de mangas

O caju do meu cajueiro, o mais doce que comi na vida!

No final comecei a sentir uma leve crise de abstinência da civilização, pé sem areia, café expresso, corpo sem repelente ou protetor solar e até uma ansiedade de produzir alguma coisa. Talvez se ficasse mais tempo essa sensação iria embora e eu descobriria um outro estágio de relaxamento, mas não me permiti, quem sabe um dia...

O livro da temporada foi mudando, o primeiro foi “Assim falou Zaratustra”, fazia tempo estava para ler esse. Embora metade do texto a gente fique na dúvida se alcançou a metade que eu entendi fez sentido, além de ser poético.

"Eu só acreditaria em um deus que soubesse dançar.
E quando vi meu diabo, achei-o sério, íntegro, profundo, solene: era o espírito do peso - todas as coisas caem por meio dele.
Não é com ira, mas com risos que se mata. Avante, matemos o espírito do peso!
Aprendi a andar: desde então deixo-me correr. aprendi a voar: desde então não quero ser empurrado para sair do lugar.
Agora sou leve, agora voo, agora me vejo sob mim mesmo, agora um deus dança através de mim.
Assim falou Zaratustra."

Não é lindo! Mesmo se  não capto todo o significado, o espírito da coisa fica muito claro!

"Para mim, ZARATUSTRA estava a caminho de se tornar um Buda, mas não sei se Nietzche concordaria comigo. 

No entanto chegou uma hora que me deu vontade de ler algo mais fluido e menos pensante. 

Mudei para um livro de descobertas antropológicas, mas era muita informação e pouca reflexão. Nunca gostei de excesso de dados e pouca lógica. 

Mudei de novo, com a intenção de alternar mas o novo livro me pegou e não larguei mais. Estou quase acabando o livro “ Metade do Céu”. 

meu kit praia

Estou aprendendo sobre a vida das mulheres mais oprimidas do planeta. Pode parecer uma leitura pesada e muito triste, mas os autores focam na história das mulheres que saíram desta situação, eles descrevem vários projetos de ajuda, com diferentes abordagens para lidar com diferentes temas, como prostituição, tráfico de mulheres, agressão física e moral, discriminação de gênero. Eles trazem reflexões e dados estatísticos de iniciativas que deram certo e que não deram, além de análises sobre o impacto na economia dos países de inutilizar metade da força de trabalho. 

O livro é um curso sobre empreendedorismo social!

Além disso faz a gente se sentir bem, pois as coisas ruins a gente já sabe, mas é confortante saber que tem um caminho para melhorar tudo isso e que tem gente preocupada e trabalhando para melhorar a situação. Isso trás um alento para o coração. Este livro foi o ingrediente ESPERANÇA das minhas férias.

No meio de tudo isso recebia os informes da minha filha que estava com 3 amigas observando “in loco” essa realidade na Tailândia, Mianmar, Laos e Camboja. Me sinto infinitamente grata e recompensada, por ter uma filha conectada com o mundo e interessada em conhece-lo e entende-lo. Espero que ela faça parte do grupo de pessoas que fazem algo de bom para as pessoas e o planeta. E aí está o ingrediente ÁSIA. 

Ela e criança de Myanmar

Agora me resta ver como eu posso colocar em prática algo que aprendi, talvez possa começar pela Bahia...Deve haver algo que eu possa fazer pelas mulheres de lá!

A seguir todo o roteiro com os melhores picos da região e os acontecimentos da temporada.

Seguimos uma rotina "dura" de café da manhã, praia, surf, passeios, casa, descanso, praia. 

Ao final os surfistas paulistas quase sucumbiram ao cansaço de tanta onda que rolou na temporada, e o antiinflamatório entrou em cena!
 
Surf em Taipus de fora

Pôr do Sol em Taipus de Dentro

Pôr do Sol em Myanmar

Eduardo abastecendo a casa para preparar o jantar no mercadinho local, sempre no fim de tarde entes de chegarmos ao nosso refúgio

Praia de Algodões no melhor bar do local o Tikal, com nossos amigos turistas desta temporada

Almoço com a turma no imperdível no bar do Raul em Saquaíra, Pietro, Nati, Joyce e Flávio

No bar do Raul tem arte nativa, praça dos amigos e WIFI ZONE

Eu a Joyce aproveitando o luxo de um sinal de 3G

Dia seguinte, enquanto os surfers aproveitavam as ondas em Bombaça, eu e as meninas desfrutamos da caminha entre Bombaça e o Bar da Rô. Na minha opinião o trecho mais lindo da região, cheio de diferentes tipos de paisagem, mar aberto, corais, mar de baía, vista do morro, lencóis maranhenses e no final o Rio Carapitangui.


chegando na Barra Grande

a vista de um lugar secreto na Ponta do Mutá, o Nirvana beach club private hotel, mais um pedaço do paraíso na terra

na maré baixa, na foz do rio Carapitangui

relax

Se não volto inteira das férias, algo saiu errado! Tentando fugir da areia quente tentei encurtar caminho e me estabaquei numa cerca de arame! Essa foi a principal escoriação mas foram várias!! A canga prendeu na cerca e eu fiquei parecendo um bezerro enroscado na armadilha! vexame!


Mesmo assim ainda deu para curtir a tarde de bate papo no bar da Rô.
Elas em Bangkok

No nosso ir e vir cruzávamos com Jaime, nosso amigo e caseiro, além de proprietário da melhor companhia de transporte coletivo da região, a Jaime transportes, ele sabe tudo que se passa na região e por conseqüência nós também! De festas, a briga de mulheres, passando por acidentes e mortes trágicas. Seu estilo de reportagem segue a linha Baiana, metade a gente tenta entender e metade a gente desiste. 

Excelente pescador sempre recebemos um camarão e peixe fresco pescado na frente de casa. Apesar da pesca dar um bom rendimento, ele gosta mesmo é da Jaime transportes, onde ele pode conversar com todo mundo e se manter na correria agitando vários pequenos negócios. A pescaria fica para os momentos de sua prática meditativa.

Além de caseiro, operador de transportes, pescador e repórter, ele é também o maior atravessador da região! Se você ou qualquer pessoa precisar de alguma coisa, algum serviço, alguma ajuda, é com ele que se resolve, ele dá jeito em qualquer coisa. 

E assim ele sempre torna nossa visita um experiência antropológica, como falou bem nossa amiga Mila, que teve a oportunidade de ficar um tempo por lá.

Jaime no seu melhor style

As águas cristalinas e as piscinas naturais, ao longo da caminhada entre Taipus de Fora e a Barra Grande

surfer girls em Taipus de Fora

um surfista feliz e sua prancha mágica!

Lá a gente percebe a natureza e seu movimento. 

a canoa no seu abrigo, em frente de casa na baía e Camamu, maré cheia

maré baixa

nosso jardim

meninos e capoeira em Taipus de Dentro
E as meninas em Siem Reap, Camboja


 Enquanto elas lá, eu lia:

"Os jovens muitas vezes nos perguntam como podem ajudar em questões como tráfico sexual ou pobreza internacional. Nossa primeira recomendação é que saiam e vejam o mundo. Para ser eficaz em qualquer ação é preciso entender a questão, e é impossível fazer isso simplesmente com leituras. É preciso ter uma experiência pessoal e até viver onde a questão acontece."

Sou imensamente grata de ter uma filha que quer ver o mundo e compreender as pessoas e a vida!!! 

E assim foram minhas férias na Bahia, junto a natureza e os amigos.

Pôr do sol no meu jardim

A última imagem de mais um pedaço do paraíso na Terra.

2 comentários:

  1. Gosto de lugares calmos desse jeito, vivo em uma cidade grande, é bom se desligar do mundo às vezes.

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